
Não estava preparado.
Esta semana, pela primeira vez a minha filha disse-me para não a chatear.
As suas palavras foram curtas, objetivas, diretas, frias, conclusivas como o som do martelo que o Juiz bate no final de ler a sentença e dar por concluída a sessão.
Fiquei paralisado, sem reação. Virei costas e sai do quarto dela.
Noutros tempos teria explodido. Teria elevado o tom de voz, teria perguntado se ela sabia para quem estava a falar, teria pedido “respeitinho”… enfim teria imposto uma versão de autoridade (minha) e de subserviência (da minha filha) para deixar claro que ela não pode falar assim para o pai.
Actualmente, prefiro não reagir “a quente” manter a calma e tomar consciência do que está a acontecer.
Respeito e amo demasiado a minha filha para pretender a sua subserviência. Aceito que ela, como qualquer um, pode ter um dia com menos paciência, ela, como qualquer um, pode achar que já chega e pode dizer basta. Mesmo para o pai.
Agora, percebo bem porque me comporto desta forma, tem que ver com o percurso e o desenvolvimento que tenho vindo a fazer internamente.
Pergunto-me mais sobre o motivo pelo qual, no passado, escolhia comportar-me de forma agressiva, quebrar toda e qualquer ligação com os meus filhos, impor disciplina e autoridade em vez de compreensão e amor, em vez de respeitar a sua integridade, em vez de criar laços que estão e estarão sempre na base da nossa relação.
Desempenhamos um papel que certamente nos foi e é “ensinado”, estimulado e aplaudido como o pai que sabe impor regras, o pai que sabe impor educação, o pai que sabe impor autoridade o pai que impõe a ordem.
Essas regras, educação, autoridade ou ordem não se impõem a um filho ensinam-se, explicam-se e principalmente praticam-se com autenticidade e com respeito pelo outro lado.
Tendo bem presente que “o outro lado” ou seja o lado do nosso filho, tem exatamente o mesmo valor do nosso.
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